Brasil. Existe esperança?

O título  é muito amplo. É um questionamento que inevitavelmente sugere outros tantos. De que estou falando? Vou focar na questão jurídica. Ou em uma delas. Sendo apenas um estudante que como tal, obrigatoriamente deve pensar sobre o tema. Existe esperança de que o Brasil se consolide como um Estado Democrático de Direito? Isso já está estabelecido constitucionalmente, mas o que vemos na prática é muito distante da retórica constituinte. Sinceramente, por muito tempo fiz coro com aqueles chamados desesperançados, que simplesmente não acreditam que possamos nos levantar da lama moral em que estamos. Talvez porque não se trata de um momento pelo qual passamos. A imoralidade fez parte do surgimento histórico desta nação. De todas as formas possíveis, nosso país serviu de esgoto europeu, laboratório e usina de exploração humana intensa. Um povo com tal formação moral, teria condições de mudar?

Ao perceber como as pessoas reagem “inconformadas” com o sistema democrático, como o interesse dominante consegue literalmente hipnotizar as massas diante de temas inócuos, meu sentimento sempre foi de total descrédito quanto a um futuro diferente. O povo diz-se insatisfeito. Comenta do mensalão, apenas a ponta do iceberg, como uma conquista sem precedentes. Nada de fato ainda aconteceu. Mas a mesma pessoa que condena o mensaleiro, vende seu voto por cinquenta reais ou menos. Por uma bolsa esmola qualquer. Continua a prestar fidelidade e audiência aos dominadores midiáticos que deveria boicotar por questões de família. Manifesta-se nos ciclos virtuais e religiosos com veemência. Mas o país continua nas mesmas mãos podres sustentadas pelos mesmos pobres que apenas fazem piada com a própria desgraça.

Somente no último ano, no ambiente acadêmico, ouvi de certo professor que a nossa democracia é muito jovem. Que com a mesma idade, outras nações também eram incipientes, que o caminho rumo à consolidação jurídica de um povo é fenômeno histórico, progressivo, lento e contínuo. Olhando a massa, a primeira impressão é que  isso é só mais um discurso de esperança, um sonho e nada mais. Olhando a minha volta, entretanto, vejo pessoas que com atitudes simples estão mudando o destino de semelhantes seus. Seria este o indício da possibilidade de que algo bom aconteça em larga escala? Não estou certo.

Sei porém que por toda história existem grupos que raramente são mencionados. Quando o são, geralmente as referências são pejorativas, como o caso dos puritanos.  

Nossa primeira impressão ao ver qualquer noticiário é de que não existe esperança alguma, que devemos ser gratos por cada dia de vida em que não fomos devorados na selva da existência. O que não deixa de ser verdadeiro. Normal assim ser, devido a intensa propagação do mal, aliado ao nosso insaciável prazer mórbido de o consumir.  Assumimos que as más pessoas são a minoria, que não nos envolvemos com a maldade, mas o sentimento de insegurança é permanente. Indício de estarmos enganados?

Quanto ao país, as rédeas da história não estão em minhas mãos. Este é um debate que resisti por muito tempo e que agora começo a encontrar bons contra argumentos. Mas a mais importante constatação é que sempre existiram e sempre existirão pessoas imunes ao curso malévolo imposto por quem se beneficia do caos. Junto a estes quero estar. Digna é uma nação mesmo que minúscula em comparação a qualquer gigante que insiste em permanecer deitado eternamente.

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